Caros Comunitários da Área Pastoral Santa Rita de Cássia da Doicese de Cametá, reproduzimos aqui este texto do Pe. Marcelo Adriano Cervi, este assunto foi largamente tratado na III Assémbleia do Povo de Deus de nossa diocese, assunto este que foi tomado como base para a escolha das nossas prioridades pelos próximos 6 anos.
2011 – 2015
CINCO URGENCIAS NA MISSÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA
Os Bispos do Brasil, nas recentemente publicadas “Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja” (DGAE – Documento 94 da CNBB), apontaram algumas urgências que devem ser assumidas por todas as Dioceses em sua caminhada pastoral até o ano 2015. Por que urgências? Todos nós percebemos como o mundo mudou e está rapidamente em contínuas mudanças. Diante disso, é urgente assumir um novo modo de evangelizar, centralizado na pessoa de Jesus Cristo e a partir Dele, propondo às pessoas a base sólida da nossa fé e anunciando Jesus a todos, com entusiasmo, identidade cristã clareza e coragem diante dos desafios.
As chamadas “urgências” são as tarefas da Igreja nestes próximos anos, as orientações de como viver a Igreja em nossos dias, de como evangelizar. São propostas para que, por um lado não fiquemos perdidos diante das rápidas mudanças da sociedade e da cultura e, por outro, não caiamos nas tentações de uma igreja à medida do nosso tempo mas pouco fiel ao Evangelho. Quais são estas tentações? Uma religião sem vínculos com a Comunidade, rápida, fácil, milagreira, que faz prosperar... Uma religião individual e não comunitária; que busca Cristo mas não se preocupa em viver os ensinamentos do Evangelho de Cristo, os valores do Reino de Deus... Uma religião de busca de bem estar pessoal e familiar, mas pouco preocupada com os pobres, os excluídos; sem diálogo com a sociedade e fechada em suas celebrações, pastorais e estruturas...
A grande proposta é a conversão pastoral, transformando a Igreja em uma comunidade acolhedora, cheia de um amor vivo a Jesus e à Sua Palavra, repleta de ardor, de entusiasmo, de vontade de ir ao encontro das pessoas (missionariedade). Para tanto é necessário, em primeiro lugar partir de Jesus Cristo, buscando no Evangelho o seu jeito de amar ao Pai e de relacionar-se com as pessoas. Assim, assumiremos em nossa vida as atitudes de Jesus: orante, em comunhão constante com Deus e também totalmente dedicado ao próximo, generoso, amoroso, cheio de perdão aos inimigos, preocupado com os pobres, os estrangeiros, os necessitados.
As cinco urgências querem ajudar-nos a viver ao lado de Jesus Cristo com mais intimidade e a fazer a Igreja e cada católico mais fiel a Ele e mais preparado para dialogar com a nossa sociedade, afrontando os males do nosso tempo que fecham as pessoas e cria entre elas muros de divisão como o egoísmo, a busca de satisfações pessoais, o individualismo... males estes que nos afastam da identificação com o Jesus do Evangelho.
1ª urgência = estado permanente de missão
A Igreja nos convida a ir ao encontro de todas as pessoas para anunciar esse Jesus que ama a todos, mas que muitos não conhecem ou amam pouco. A quem devemos anunciar? Aos que não conhecem a Cristo, aos afastados da Igreja, aos que estão longe mas também aos que estão perto. Visitar as casas, as escolas, as prisões, os hospitais, os comércios e locais de trabalho... enfim, fazer do anúncio de Jesus Cristo uma preocupação constante, em nível pessoal e comunitário. Isso implica pensar: quando conversamos com as pessoas, quando visitamos os amigos, o doentes em casa... falamos de Jesus Cristo e do Seu Evangelho? Todas as nossas comunidades, tem em seus projetos e programações pastorais, um dia, um momento, uma ocasião para sair em missão?
2ª urgência = iniciação à vida cristã
Nossa sociedade está deixando de ser cristã; o mundo já não é aquele mundo católico de outrora e os valores do Evangelho são mais transmitidos pelas famílias ... Isso implica repensar a catequese: mais que transmitir conhecimentos doutrinais, ela tem que ajudar as pessoas (crianças, adolescentes, jovens e adultos) a encontrar-se com Jesus Cristo vivo a partir da Sua Palavra, numa experiência comunitária de fé (Igreja). As comunidades são convidadas a refletir como acolher as pessoas e formá-las não só para os sacramentos (Batismo, Eucaristia e Crisma) mas também oferecer momentos de formação (Catequese Permanente) com um itinerário concreto. Aqui entra a necessidade de uma formação mais especializada principalmente para aqueles que coordenam as Comunidades, Pastorais, Movimentos, Associaçõess e Novas Realidades de Igreja.
3ª urgência = animação bíblica da vida e da pastoral
A Bíblia, Palavra de Deus, nos faz íntimos de Jesus. Nossas comunidades são convidadas a favorecer que todas as pessoas tenham a Bíblia e nela busquem a pessoa de Jesus e os valores do Reino de Deus, encontrando as respostas para as questões que desafiam a fé, ameaçam a família, destroem o sentido comunitário e eclesial, anulam a ética e a esperança. As paróquias devem ser centros de conhecimento bíblico, também para que os cristãos estejam preparados quando os fundamentalistas baterem às nossas portas, confundindo a sã doutrina. A leitura orante da Palavra de Deus precisa fazer parte do dia-a-dia de cada cristão e de cada grupo de Igreja; também os Cursos Bíblicos, os encontros de comunidade... a Bíblia no centro, estudada, rezada, partilhada! Também é importante que nesse aspecto a Palavra de Deus na Liturgia seja melhor realçada; liturgia bem preparada, leituras bem proclamadas, homilias com conteúdo.
4ª urgência = comunidade de comunidades
Não é possível viver a fé cristã fora da vida de comunidade, como também a grande maioria dos católicos não pode continuar apenas frequentar a Missa dominical sem fazer parte de algum grupo menor. Nos pequenos grupos temos oportunidade de crescer e aprofundar na fé e no conhecimento de Cristo e da doutrina da Igreja, experimentar a fraternidade cristã e realizar a doação de nós mesmos a serviço do próximo. Contudo, estes grupos como as CEBs ou outras comunidades, grupos de reflexão, de oração ou de quarteirão, Pastorais, movimentos, associações e grupos por faixa etária (jovens, casais, idosos) não podem ser isolados entre si ou talvez até em oposição: faz-se urgente pensar uma rede de comunidades muito unidas apesar de suas diferenças. Também é preciso pensar a setorização das Paróquias em pequenos núcleos, mais próximos das pessoas (capelas ou locais de culto nos bairros e periferias), onde a Igreja possa ir se fazendo cada vez mais presente.
5ª urgência = a serviço da vida
O compromisso com Jesus nos faz comprometidos com a dignidade do ser humano, a defesa da vida (desde a vida não nascida, ainda no ventre materno – nascituro, até o ocaso da vida) e o serviço à vida, preocupando-nos com as condições de vida dos excluídos, ignorados, idosos abandonados, violentados, explorados, drogados etc. Uma Igreja que sai ao encontro de quem tem a vida ameaçada com a caridade pessoal e institucional mas também engajando-se na sociedade e nas estruturas da cidade (conselhos de saúde, de segurança, de alimentação por exemplo) em busca de um mundo mais justo, fraterno e solidário.
Nossa Diocese de Jaboticabal incorporou as cinco urgências em seu novo plano pastoral 2011-2015, recentemente proposto na 6ª Assembleia Diocesana de Pastoral. Todas as pastorais, movimentos, associações e novas realidades eclesiais, bem como todas as paróquias são convidadas a falar a mesma linguagem ainda que seja preciso romper com estruturas pastorais antigas que já não respondem às necessidades dos homens e mulheres de hoje.
Desejamos muito que todos os nosso coordenadores de CPPs, CAEPs, Pastorais, Movimentos, Associações e Novas realidades, bem como todos os leigos engajados conheçam as Diretrizes da CNBB e o nosso Plano Pastoral, reflitam sobre eles e se deixem guiar por suas inspirações!
Pe. Marcelo Adriano Cervi
Coordenador Diocesano de Pastoral – Diocese de Jaboticabal