quinta-feira, 18 de abril de 2019

Papa Francisco fala: AOS JOVENS E A TODO O POVO DE DEUS

A JUVENTUDE DA IGREJA

34. Ser jovem, mais do que uma idade, é um estado do coração. Assim, uma instituição antiga como é a Igreja pode renovar-se e voltar a ser jovem em cada uma das várias fases da sua longa história. Com efeito, nos seus momentos mais dramáticos, sente a chamada a retornar ao essencial do primeiro amor. Ao recordar esta verdade, o Concílio Vaticano II afirmava que, «rica de um longo passado sempre vivo, e caminhando para a perfeição humana no tempo e para os destinos últimos da história e da vida, ela é a verdadeira juventude do mundo». Nela, é sempre possível encontrar Cristo, «o companheiro e o amigo dos jovens». 

Uma Igreja que se deixa renovar

35. Peçamos ao Senhor que liberte a Igreja daqueles que querem envelhecê-la, ancorá-
la ao passado, travá-la, torná-la imóvel. Peçamos também que a livre doutra tentação: acreditar que é jovem porque cede a tudo o que o mundo lhe oferece, acreditar que se renova porque esconde a sua mensagem e mimetiza-se com os outros. Não! É jovem quando é ela mesma, quando recebe a força sempre nova da Palavra de Deus, da Eucaristia, da presença de Cristo e da força do seu Espírito em cada dia. É jovem quando consegue voltar continuamente à sua fonte.
36. Certamente nós, membros da Igreja, não precisamos de aparecer como sujeitos estranhos. Todos nos devem sentir irmãos e vizinhos, como os Apóstolos que «tinham a
simpatia de todo o povo» (At 2, 47; cf. 4, 21.33; 5, 13). Ao mesmo tempo, porém, devemos ter a coragem de ser diferentes, mostrar outros sonhos que este mundo não oferece, testemunhar a beleza da generosidade, do serviço, da pureza, da fortaleza, do perdão, da fidelidade à própria vocação, da oração, da luta pela justiça e o bem comum, do amor aos pobres, da amizade social.
37. A Igreja de Cristo pode sempre cair na tentação de perder o entusiasmo, porque deixa de escutar o apelo do Senhor ao risco da fé, a dar tudo sem medir os perigos, e volta a procurar falsas seguranças mundanas. São precisamente os jovens que a podem ajudar a permanecer jovem, não cair na corrupção, não parar, não se orgulhar, não se transformar numa seita, ser mais pobre e testemunhal, estar perto dos últimos e descartados, lutar pela justiça, deixar-se interpelar com humildade. Os jovens podem conferir à Igreja a beleza da juventude, quando estimulam a capacidade «de se alegrar com o que começa, de se dar sem nada exigir, de se renovar e de partir para novas conquistas».
38. Quantos de nós já não são jovens precisam de ocasiões em que tenham próxima a voz e o estímulo dos jovens, e «a proximidade cria as condições para que a Igreja seja espaço de diálogo e testemunho de fraternidade que fascina». Precisamos de criar mais espaços onde ressoe a voz dos jovens: «A escuta torna possível um intercâmbio de dons, num contexto de empatia. (…) Ao mesmo tempo, estabelece as condições para um anúncio do Evangelho que alcance verdadeiramente, de modo incisivo e fecundo, o coração».

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Programação Semana Santa - 2019


Papa Francisco fala: AOS JOVENS E A TODO O POVO DE DEUS (cont)

A SUA JUVENTUDE ILUMINA-NOS
30. Estes aspectos da vida de Jesus podem servir de inspiração a todo o jovem que cresce e se prepara para cumprir a sua missão. Isto implica amadurecer na relação com o Pai, na consciência de ser um dos membros da família e da aldeia, e na disponibilidade a ser cumulado do Espírito e guiado no cumprimento da missão que Deus lhe confia, a sua vocação. Nada disto deveria ser ignorado na pastoral juvenil, para não criar projetos que isolem os jovens da família e do mundo, ou que os transformem numa minoria seleta e preservada de todo o contágio. Precisamos, sim, de projetos que os fortaleçam, acompanhem e lancem para o encontro com os outros, o serviço generoso, a missão.
31. Não é de longe nem de fora que Jesus vos ilumina, a vós jovens, mas a partir da própria juventude que partilha convosco. É muito importante contemplar o Jesus jovem
que os Evangelhos nos mostram, porque foi verdadeiramente um de vós e, n’Ele, é possível reconhecer muitos traços dos corações jovens. Vemo-lo, por exemplo, nas
seguintes caraterísticas: «Jesus teve uma confiança incondicional no Pai, cuidou da amizade com os seus discípulos e, até nos momentos de crise, permaneceu fiel a eles.
Manifestou uma profunda compaixão pelos mais fracos, especialmente os pobres, os doentes, os pecadores e os excluídos. Teve a coragem de enfrentar as autoridades religiosas e políticas do seu tempo; viveu a experiência de Se sentir incompreendido e descartado; experimentou o medo do sofrimento e conheceu a fragilidade da Paixão; dirigiu o seu olhar para o futuro, colocando-Se nas mãos seguras do Pai e confiando na força do Espírito. Em Jesus, todos os jovens se podem rever».
32. Por outro lado, Jesus ressuscitou e quer fazer-nos participantes da novidade da sua ressurreição. Ele é a verdadeira juventude dum mundo envelhecido, e é também a juventude dum universo que espera, por entre «dores de parto» (Rm 8, 22), ser revestido com a sua luz e com a sua vida. Junto d’Ele, podemos beber da verdadeira fonte que mantém vivos os nossos sonhos, projetos e grandes ideais, lançando-nos no anúncio da vida que vale a pena viver. Em dois detalhes interessantes do Evangelho de Marcos, podemos notar a chamada à verdadeira juventude dos ressuscitados: na paixão do Senhor, aparece um jovem medroso que procurava seguir Jesus, mas fugiu nu (cf. 14, 51-52), um jovem que não teve a força de arriscar tudo para seguir o Senhor; enquanto, junto do túmulo vazio, vemos um jovem «vestido com uma túnica branca» (16, 5), que convidava a vencer o medo e anunciava a alegria da ressurreição (cf. 16, 6-7).
33. O Senhor chama-nos a acender estrelas na noite doutros jovens; convida-nos a olhar os verdadeiros astros, ou seja, aqueles sinais tão variados que Ele nos dá para não ficarmos parados, mas imitarmos o semeador que observava as estrelas para poder lavrar o campo. Deus acende estrelas para nós, a fim de podermos continuar a caminhar: «Às estrelas que brilham alegremente nos seus postos, Ele chama-as e elas respondem» (Br 3, 34-35). Mas o próprio Cristo é, para nós, a grande luz de esperança e guia na nossa noite, pois Ele é «a brilhante estrela da manhã» (Ap 22, 16).
(C

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Processo de Transferência de Padres

Cametá, 05 de abril de 2019.

Querido povo de Deus,

A bênção de Deus desça e permaneça em todas as nossas Comunidades Cristãs!
O processo de transferência de um padre é a favor da evangelização e serve para atender às
necessidades da Diocese, como forma de contribuir e incrementar melhor a vida cristã de determinada
região. Tem como objetivo ainda construir uma nova relação de fé em favor da Igreja e do Reino de Deus.
Tudo pela disposição do serviço à Igreja e onde for necessário. Nestes casos, como estabelece a Igreja, “se o
bem das almas ou a necessidade ou a utilidade da Igreja exigirem que o pároco seja transferido de sua
paróquia, que dirige com eficiência, para outra paróquia ou para outro ofício, o Bispo proponha-lhe a
transferência e o aconselha a consentir, por amor a Deus e às almas” (Cân. 1748).
No que se refere aos padres aceitarem as transferências, este é um sinal de maturidade vocacional,
como também de unidade. Afinal, os sacerdotes prometem obediência ao bispo diocesano e a seus
sucessores no dia de suas ordenações. Devemos dar graças a Deus pela maturidade de nossos padres da
Diocese de Cametá, por entenderem o sentido e a necessidade da missão e se colocarem a serviço do Reino.
Quando ocorrer a transferência de um padre, não tentem dificultar a vivência de sua vocação missionária.
Todos os nossos padres estão aptos para servir com e por amor onde eles forem enviados. Por isso, queridas
Comunidades, ajudem os nossos padres a serem cada vez mais missionários.
Os padres devem obediência ao Bispo e são, portanto, seus colaboradores. A autoridade dos padres é
exercida em nome dele. Neste sentido, o Bispo lhe dá uma provisão, uma nomeação por um tempo
determinado para cuidar de certos lugares ou setores da vida da diocese. Ao padre cabe o exercício da função
em nome do Bispo e em comunhão com ele.
Mediante as necessidades da Diocese e as ponderações do Conselho Presbiteral, a confiança na graça
de Deus e na força da oração nos fizeram chegar a definir o processo de transferências. Claro que, de acordo
com seu discernimento, estas devem ser marcadas pela missão de colaborar. Transferência não é castigo.
Tudo isso não ocorre por um capricho pessoal do Bispo. É sempre em vista do bem e do conjunto da
diocese.
Para as transferências, têm critérios. Critérios de saúde também são considerados. Às vezes acontece
de pessoas ficarem desagradadas quando se retira um padre de quem elas gostam. Mas não são tão honestas
ou apressadas para elogiar os padres que recebem e que dão certo. Ficam caladas. Vale nesses casos também
os agradecimentos pelas bênçãos. É preciso esperar, cooperar, ajudar no ministério. Transferência não é
remoção ou afastamento.Trata-se do bem-estar pastoral e espiritual do povo de Deus, o compromisso é para
com uma Igreja missionária, e a Diocese de Cametá é uma Diocese Missionária.
Por isso, queridas Comunidades, ajudem nossos padres a serem cada vez mais missionários!
Deus abençoe a todos!
Dom José Altevir da Silva, CSSp
Bispo Diocesano de Cametá

domingo, 7 de abril de 2019

Papa Francisco fala: AOS JOVENS E A TODO O POVO DE DEUS (cont)

CAPÍTULO II
JESUS CRISTO SEMPRE JOVEM
22. Jesus é «jovem entre os jovens, para ser o exemplo dos jovens e consagrá-los ao Senhor».
3 Por isso, o Sínodo disse que «a juventude é um período original e estimulante da vida, que o próprio Jesus viveu, santificando-a».
4 Que nos refere o Evangelho sobre a juventude de Jesus?

A JUVENTUDE DE JESUS
23. O Senhor «entregou o seu espírito» (Mt 27, 50) numa cruz, quando tinha pouco mais de 30 anos de idade (cf. Lc 3, 23). É importante tomar consciência de que Jesus foi um jovem. Deu a sua vida numa fase que hoje se define como a dum jovem adulto. Em plena juventude, começou a sua missão pública e, assim, brilhou «uma grande luz» (Mt 4, 16), sobretudo quando levou até ao extremo o dom da sua vida. Este final não foi improvisado, mas teve uma preciosa preparação em toda a sua juventude, em cada um dos seus momentos, porque «tudo, na vida de Jesus, é sinal do seu mistério» e «toda a vidade Cristo é mistério de redenção».
24. O Evangelho não fala da meninice de Jesus, mas conta-nos alguns factos da sua adolescência e juventude. Mateus coloca este período da juventude do Senhor entre dois episódios: o regresso da sua família a Nazaré, depois do tempo de exílio, e o seu batismo no Jordão, onde começou a sua missão pública. As últimas imagens de Jesus menino são a dum pequeno refugiado no Egito (cf. Mt 2, 14-15) e, depois, a dum repatriado em Nazaré (cf. Mt 2, 19-23). As primeiras imagens de Jesus, jovem adulto, são as que no-Lo apresentam na multidão ao pé do rio Jordão, para ser batizado pelo primo João Batista, como qualquer um do seu povo (cf. Mt 3, 13-17).
25. Aquele batismo não era como o nosso, que nos introduz na vida da graça, mas foi uma consagração antes de começar a grande missão da sua vida. O Evangelho diz que o seu batismo foi motivo de júbilo e comprazimento do Pai: «Tu és o meu Filho muito amado» (Lc 3, 22). Imediatamente Jesus apareceu cheio do Espírito Santo e foi levado pelo Espírito ao deserto. Assim, estava pronto para ir pregar e fazer prodígios, libertar e curar (cf. Lc 4, 1-14). Cada jovem, quando se sente chamado a cumprir uma missão nesta terra, é convidado a reconhecer dentro de si as mesmas palavras que Deus Pai dissera a Jesus: «Tu és o meu filho muito amado».
26. No intervalo entre estes dois episódios, aparece um que mostra Jesus em plena adolescência: quando regressou para Nazaré com seus pais, depois que estes O perderam e reencontraram no Templo (cf. Lc 2, 41-51). Em Nazaré, diz o texto que Jesus «era-lhes submisso» (Lc 2, 51), pois não tinha rejeitado a sua família. Então Lucas acrescenta que «Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens» (2, 52). Por outras palavras, estava-Se preparando e, naquele período, ia aprofundando a sua relação com o Pai e com os outros. São João Paulo II explicou que não crescia apenas fisicamente, mas «houve em Jesus também um crescimento espiritual», porque «a plenitude de graça em Jesus era relativa à idade: havia sempre plenitude, mas uma plenitude crescente com o crescer da idade».
27. Com base nestes dados evangélicos, podemos afirmar que Jesus, na sua fase juvenil, foi-Se «formando», foi-Se preparando para realizar o projeto que o Pai tinha. A sua adolescência e juventude orientaram-No para esta missão suprema.
28. Na adolescência e juventude, a sua relação com o Pai era a do Filho muito amado; atraído pelo Pai, crescia ocupando-Se das coisas d’Ele: «Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?» (Lc 2, 49). Mas, não devemos pensar que Jesus fosse um adolescente solitário ou um jovem fechado em si mesmo. A sua relação com as pessoas era a dum jovem que compartilhava a vida inteira duma família bem integrada na aldeia. Aprendera o ofício do pai e, depois, substituiu-o como carpinteiro. Por isso no Evangelho, uma vez, é chamado «o filho do carpinteiro» (Mt 13, 55) e, outra, simplesmente «o carpinteiro» (Mc 6, 3). Este detalhe mostra que era um rapaz da aldeia como os outros, relacionando-Se com toda a normalidade. Ninguém O considerava um jovem estranho ou separado dos outros. Por isso mesmo, quando Jesus começou a pregar, as pessoas não sabiam explicar donde Lhe vinha aquela sabedoria: «Não é este o filho de José?» (Lc 4, 22).
29. A verdade é que «Jesus também não cresceu numa relação fechada e exclusiva com Maria e José, mas de bom grado movia-Se na família alargada, onde encontrava os
parentes e os amigos». Assim se compreende que, ao regressar da peregrinação a Jerusalém, os pais estivessem tranquilos pensando que aquele adolescente de doze anos (cf. Lc 2, 42) Se movia livremente entre as pessoas a ponto de não O verem durante um dia inteiro: «pensando que Ele Se encontrava na caravana, fizeram um dia de viagem» (Lc 2, 44). Com certeza – supunham eles –, Jesus estaria lá indo e vindo entre os demais, brincando com os da sua idade, ouvindo as histórias dos adultos e compartilhando as alegrias e tristezas da caravana. Para expressar a «caravana» de peregrinos, Lucas usou o termo grego synodía, que indica precisamente esta «comunidade em caminho», na qual se integrou a sagrada Família. Graças à confiança que n’Ele depositam seus pais, Jesus move-Se livremente e aprende a caminhar com todos os outros.
(Outros parágrafos no próximo artigo).

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Papa Francisco fala: AOS JOVENS E A TODO O POVO DE DEUS (cont.)


  • NO NOVO TESTAMENTO

12. Conta uma parábola de Jesus (cf. Lc 15, 11-33) que o filho «mais jovem» quis partir da casa paterna para um país distante (cf. 15, 12-13). Mas, os seus sonhos de autonomia transformaram-se em libertinagem e devassidão (cf. 15, 13), e provou a dureza da solidão e da pobreza (cf. 15, 14-16). Todavia, foi capaz de reconsiderar e começar de novo (cf.15, 17-19): decidiu levantar-se (cf. 15, 20). É típico do coração jovem estar disposto a mudar, ser capaz de levantar-se e deixar-se instruir pela vida. Como não acompanhar o filho nesta nova tentativa? Mas o irmão mais velho já tinha o coração envelhecido e deixou-se possuir pela ganância, o egoísmo e a inveja (cf. 15, 28-30). Jesus louva mais o
jovem pecador que retoma o bom caminho do que aquele que se julga fiel, mas não vive o espírito do amor e da misericórdia.
13. Jesus, o eternamente jovem, quer dar-nos um coração sempre jovem. Assim no-lo
pede a Palavra de Deus: «Purificai-vos do velho fermento, para serdes uma nova massa» (1 Cor 5, 7). Ao mesmo tempo convida-nos a despojar-nos do «homem velho» para nos revestirmos do «homem novo» (Col 3, 9.10), do homem jovem.
1 E, quando quer explicar o que é revestir-se desta juventude que «não cessa de se renovar» (3, 10), diz que significa ter «sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se alguém tiver razão de queixa contra outro» (3, 12-13). Isto significa que a verdadeira juventude é ter um coração capaz de amar. Pelo contrário, aquilo que envelhece a alma é tudo o que nos separa dos outros. Por isso mesmo conclui: «Acima de tudo isto, revesti-vos do amor, que é o laço da perfeição» (3, 14).
14. Notemos que Jesus não gostava que os adultos olhassem com desprezo para os mais jovens ou os mantivessem, despoticamente, ao seu serviço. Pelo contrário, pedia: «O que for maior entre vós seja como o menor» (Lc 22, 26). Para Ele, a idade não estabelecia privilégios; e o facto de alguém ter menos anos não significava que valesse menos ou tivesse menor dignidade.
15. A Palavra de Deus diz que os jovens devem ser tratados «como irmãos» (1 Tm 5,
1), e recomenda aos pais: «Não irriteis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo» (Col 3, 21). Um jovem não pode estar desanimado; é próprio dele sonhar coisas grandes, buscar horizontes amplos, ousar mais, ter vontade de conquistar o mundo, ser capaz de aceitar propostas desafiadoras e desejar contribuir com o melhor de si mesmo para construir algo superior. Por isso, insisto com os jovens para não deixar que lhes roubem a esperança, repetindo a cada um: «Ninguém escarneça da tua juventude» (1 Tm 4, 12).
16. Ao mesmo tempo, porém, recomenda-se aos jovens: «Sede submissos aos anciãos»
(1 Ped 5, 5). A Bíblia sempre convida a um respeito profundo pelos idosos, porque abrigam um tesouro de experiência, experimentaram os êxitos e os fracassos, as alegrias e as grandes tribulações da vida, as esperanças e as desilusões, e, no silêncio do seu coração, guardam tantas histórias que nos podem ajudar a não errar nem enganar-nos com falsas miragens. A palavra dum idoso sábio convida a respeitar certos limites e a saber-se dominar a tempo: «Exorta igualmente os jovens a serem moderados» (Tit 2, 6). Não é bom cair no culto da juventude, nem numa postura juvenil que despreze os outros pelos seus anos ou porque são doutro tempo. Jesus dizia que a pessoa sábia é capaz de tirar do seu tesouro coisas novas e velhas (cf. Mt 13, 52). Um jovem sábio abre-se ao futuro, mas
permanece capaz de valorizar algo da experiência dos outros.
17. No Evangelho de Marcos, aparece uma pessoa que, ao ouvir Jesus recordar-lhe os mandamentos, exclama: «Tenho cumprido tudo isso desde a minha juventude» (10, 20).
Já o dizia o Salmo: «Tu és a minha esperança, ó Senhor Deus, e a minha confiança desde a juventude. (...) Instruíste-me, ó Deus, desde a minha juventude e até hoje anunciei sempre as tuas maravilhas» (71/70, 5.17). Nunca nos arrependeremos de gastar a própria juventude a fazer o bem, abrindo o coração ao Senhor e vivendo contracorrente. De tudo isto, nada nos tira a juventude, antes fortalece-a e renova-a: «É [o Senhor] quem (…) te rejuvenesce como a águia» (Sal 103/102, 5). Por isso, Santo Agostinho lamentava-se: «Tarde Vos amei, ó beleza tão antiga e tão nova! Tarde Vos amei!»
2 Mas aquele homem rico, que fora fiel a Deus na sua juventude, deixou que os anos lhe roubassem os sonhos, preferindo ficar agarrado aos seus bens (cf. Mc 10, 22).
18. Entretanto, na passagem paralela do Evangelho de Mateus, aparece um jovem (cf. Mt 19, 20.22) que se aproxima de Jesus desejoso de mais (cf. 19, 20), com aquele espírito aberto típico dos jovens, que busca novos horizontes e grandes desafios. Na realidade, o seu espírito já não era assim tão jovem, porque se apegara às riquezas e comodidades. Com a boca, dizia querer algo mais, mas, quando Jesus lhe pede para ser generoso e distribuir os seus bens, deu-se conta de que não era capaz de desprender-se do que possuía. «Ao ouvir isto, o jovem retirou-se contristado» (19, 22). Renunciara à sua juventude.
19. O Evangelho fala-nos também dalgumas jovens prudentes que estavam prontas e vigilantes, enquanto outras viviam distraídas e adormentadas (cf. Mt 25, 1-13). Com efeito, é possível transcorrer a própria juventude distraído, planando à superfície da vida, dormindo, incapaz de cultivar relações profundas e entrar no coração da vida; deste modo, porém, prepara-se um futuro pobre, sem substância. Ou, pelo contrário, pode-se gastar a juventude cultivando coisas nobres e grandes e, assim, preparar um futuro cheio de vida e riqueza interior.
20. Se perdeste o vigor interior, os sonhos, o entusiasmo, a esperança e a generosidade,
diante de ti está Jesus, como parou diante do filho morto da viúva, e o Senhor, com todo o seu poder de Ressuscitado, exorta-te: «Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te!» (Lc 7, 14).
21. Há, sem dúvida, muitos outros textos da Palavra de Deus que nos podem iluminar
acerca desta fase da vida. Analisaremos alguns deles nos próximos capítulos.

Papa Francisco fala: AOS JOVENS E A TODO O POVO DE DEUS

1. CRISTO VIVE: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida. Por isso as primeiras palavras, que quero dirigir a cada jovem cristão, são estas: Ele vive e quer-te vivo!
2. Está em ti, está contigo e jamais te deixa. Por mais que te possas afastar, junto de ti está o Ressuscitado, que te chama e espera por ti para recomeçar. Quando te sentires envelhecido pela tristeza, os rancores, os medos, as dúvidas ou os fracassos, Jesus estará a teu lado para te devolver a força e a esperança.
3. Com afeto, escrevo a todos os jovens cristãos esta Exortação Apostólica, ou seja, uma carta que recorda algumas convicções da nossa fé e, ao mesmo tempo, encoraja a crescer na santidade e no compromisso em prol da própria vocação. Mas, dado que é um marco miliário dentro dum caminho sinodal, dirijo-me simultaneamente a todo o Povo de Deus, aos pastores e aos fiéis, porque a reflexão sobre os jovens e para os jovens nos interpela e estimula a todos nós. Por isso, nalguns parágrafos falarei diretamente aos jovens, enquanto noutros oferecerei abordagens mais gerais para o discernimento eclesial.

  • QUE DIZ A PALAVRA DE DEUS SOBRE OS JOVENS?

5. Vamos respigar alguns tesouros da Sagrada Escritura, onde várias vezes se fala de jovens e do modo como o Senhor vai ao seu encontro.
  • NO ANTIGO TESTAMENTO
6. Numa época em que os jovens contavam pouco, alguns textos mostram que Deus vê com olhos diferentes. Por exemplo, vemos José que era quase o mais novo da família (cf. Gn 37, 2-3) e, todavia, Deus comunicou-lhe em sonho coisas grandes e superou todos os seus irmãos em cargos importantes quando tinha cerca de vinte anos (cf. Gn 37 – 47).
7. Em Gedeão, reconhecemos a sinceridade dos jovens, que não costumam dulcificar a realidade. Quando lhe foi dito que o Senhor estava com ele, retorquiu: «Se o Senhor está connosco, então porque é que nos aconteceu tudo isto?» (Jz 6, 13). Mas Deus não se aborreceu com esta censura e redobrou a aposta nele: «Vai com toda a tua força, e salva Israel» (Jz 6, 14).
8. Samuel era um adolescente inseguro, mas o Senhor comunicava com ele. Graças
ao conselho dum adulto, abriu o seu coração para escutar a chamada de Deus: «Fala, Senhor; o teu servo escuta» (1 Sm 3, 9-10). Por isso, foi um grande profeta que interveio em momentos importantes da sua pátria. O rei Saul também era um jovem, quando o Senhor o chamou para cumprir a sua missão (cf. 1 Sm 9, 2).
9. Quando o rei David foi escolhido, era ainda rapaz. O profeta Samuel andava à procura do futuro rei de Israel, e um homem apresentou-lhe, como candidatos, os seus filhos mais velhos e mais experientes. Mas o profeta disse que o escolhido era David, o rapaz que cuidava das ovelhas (cf. 1 Sm 16, 6-13), porque «o homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração» (16, 7). A glória da juventude está mais no coração do que na força física ou na impressão que provoca nos outros.
10. Salomão, quando teve de suceder a seu pai, sentiu-se perdido e disse a Deus: «Eu não passo de um jovem inexperiente que não sabe ainda como governar» (1 Re 3, 7). No entanto, a audácia da juventude impeliu-o a pedir a Deus a sabedoria e entregou-se à sua missão. Algo parecido aconteceu com o profeta Jeremias, chamado a despertar o seu povo quando era ainda muito jovem. Temeroso, disse: «Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, pois ainda sou um jovem» (Jr 1, 6). Mas o Senhor pediu-lhe para não falar assim (cf. Jr 1, 7), acrescentando: «Não terás medo diante deles, pois Eu estou contigo para te livrar» (Jr 1, 8). A entrega do profeta Jeremias à sua missão mostra o que é possível fazer-se, se se unem o frescor da juventude e a força de Deus.
11. Uma donzela judia, que estava ao serviço do militar estrangeiro Naaman interveio com fé para o ajudar a curar da sua doença (cf. 2 Re 5, 2-6). A jovem Rute foi um exemplo de generosidade ao ficar na companhia da sua sogra, que acabara viúva e só (cf. Rt 1, 1-18), e mostrou também a sua audácia para triunfar na vida (cf. Rt 4, 1-17).

(No próximo artigo publicaremos mais alguns parágrafos da encíclica.)

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Inauguração do Centro de Formação Paroquial.

Neste domingo dia 31 de março, foi inaugurado o Centro de Formação Pastoral Sagrado Coração de Jesus, localizado na comunidade sítio Deus é Grande.


O Centro de Formação tem o objetivo de animar as pastorais, movimentos e serviços a cada dia buscarem melhor sua formação pastoral, evangélica e espiritual.
Tem acontecerá formações abertas a todos os nossos paroquianos e também de outras paróquias irmãs.