domingo, 7 de abril de 2019

Papa Francisco fala: AOS JOVENS E A TODO O POVO DE DEUS (cont)

CAPÍTULO II
JESUS CRISTO SEMPRE JOVEM
22. Jesus é «jovem entre os jovens, para ser o exemplo dos jovens e consagrá-los ao Senhor».
3 Por isso, o Sínodo disse que «a juventude é um período original e estimulante da vida, que o próprio Jesus viveu, santificando-a».
4 Que nos refere o Evangelho sobre a juventude de Jesus?

A JUVENTUDE DE JESUS
23. O Senhor «entregou o seu espírito» (Mt 27, 50) numa cruz, quando tinha pouco mais de 30 anos de idade (cf. Lc 3, 23). É importante tomar consciência de que Jesus foi um jovem. Deu a sua vida numa fase que hoje se define como a dum jovem adulto. Em plena juventude, começou a sua missão pública e, assim, brilhou «uma grande luz» (Mt 4, 16), sobretudo quando levou até ao extremo o dom da sua vida. Este final não foi improvisado, mas teve uma preciosa preparação em toda a sua juventude, em cada um dos seus momentos, porque «tudo, na vida de Jesus, é sinal do seu mistério» e «toda a vidade Cristo é mistério de redenção».
24. O Evangelho não fala da meninice de Jesus, mas conta-nos alguns factos da sua adolescência e juventude. Mateus coloca este período da juventude do Senhor entre dois episódios: o regresso da sua família a Nazaré, depois do tempo de exílio, e o seu batismo no Jordão, onde começou a sua missão pública. As últimas imagens de Jesus menino são a dum pequeno refugiado no Egito (cf. Mt 2, 14-15) e, depois, a dum repatriado em Nazaré (cf. Mt 2, 19-23). As primeiras imagens de Jesus, jovem adulto, são as que no-Lo apresentam na multidão ao pé do rio Jordão, para ser batizado pelo primo João Batista, como qualquer um do seu povo (cf. Mt 3, 13-17).
25. Aquele batismo não era como o nosso, que nos introduz na vida da graça, mas foi uma consagração antes de começar a grande missão da sua vida. O Evangelho diz que o seu batismo foi motivo de júbilo e comprazimento do Pai: «Tu és o meu Filho muito amado» (Lc 3, 22). Imediatamente Jesus apareceu cheio do Espírito Santo e foi levado pelo Espírito ao deserto. Assim, estava pronto para ir pregar e fazer prodígios, libertar e curar (cf. Lc 4, 1-14). Cada jovem, quando se sente chamado a cumprir uma missão nesta terra, é convidado a reconhecer dentro de si as mesmas palavras que Deus Pai dissera a Jesus: «Tu és o meu filho muito amado».
26. No intervalo entre estes dois episódios, aparece um que mostra Jesus em plena adolescência: quando regressou para Nazaré com seus pais, depois que estes O perderam e reencontraram no Templo (cf. Lc 2, 41-51). Em Nazaré, diz o texto que Jesus «era-lhes submisso» (Lc 2, 51), pois não tinha rejeitado a sua família. Então Lucas acrescenta que «Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens» (2, 52). Por outras palavras, estava-Se preparando e, naquele período, ia aprofundando a sua relação com o Pai e com os outros. São João Paulo II explicou que não crescia apenas fisicamente, mas «houve em Jesus também um crescimento espiritual», porque «a plenitude de graça em Jesus era relativa à idade: havia sempre plenitude, mas uma plenitude crescente com o crescer da idade».
27. Com base nestes dados evangélicos, podemos afirmar que Jesus, na sua fase juvenil, foi-Se «formando», foi-Se preparando para realizar o projeto que o Pai tinha. A sua adolescência e juventude orientaram-No para esta missão suprema.
28. Na adolescência e juventude, a sua relação com o Pai era a do Filho muito amado; atraído pelo Pai, crescia ocupando-Se das coisas d’Ele: «Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?» (Lc 2, 49). Mas, não devemos pensar que Jesus fosse um adolescente solitário ou um jovem fechado em si mesmo. A sua relação com as pessoas era a dum jovem que compartilhava a vida inteira duma família bem integrada na aldeia. Aprendera o ofício do pai e, depois, substituiu-o como carpinteiro. Por isso no Evangelho, uma vez, é chamado «o filho do carpinteiro» (Mt 13, 55) e, outra, simplesmente «o carpinteiro» (Mc 6, 3). Este detalhe mostra que era um rapaz da aldeia como os outros, relacionando-Se com toda a normalidade. Ninguém O considerava um jovem estranho ou separado dos outros. Por isso mesmo, quando Jesus começou a pregar, as pessoas não sabiam explicar donde Lhe vinha aquela sabedoria: «Não é este o filho de José?» (Lc 4, 22).
29. A verdade é que «Jesus também não cresceu numa relação fechada e exclusiva com Maria e José, mas de bom grado movia-Se na família alargada, onde encontrava os
parentes e os amigos». Assim se compreende que, ao regressar da peregrinação a Jerusalém, os pais estivessem tranquilos pensando que aquele adolescente de doze anos (cf. Lc 2, 42) Se movia livremente entre as pessoas a ponto de não O verem durante um dia inteiro: «pensando que Ele Se encontrava na caravana, fizeram um dia de viagem» (Lc 2, 44). Com certeza – supunham eles –, Jesus estaria lá indo e vindo entre os demais, brincando com os da sua idade, ouvindo as histórias dos adultos e compartilhando as alegrias e tristezas da caravana. Para expressar a «caravana» de peregrinos, Lucas usou o termo grego synodía, que indica precisamente esta «comunidade em caminho», na qual se integrou a sagrada Família. Graças à confiança que n’Ele depositam seus pais, Jesus move-Se livremente e aprende a caminhar com todos os outros.
(Outros parágrafos no próximo artigo).

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